O Fórum de Empresários da Agricultura Sustentável China-Brasil, realizado em Cuiabá, neste sábado (28.6), consolidou mais um passo na parceria entre os dois países. Organizado pela Rede Inova, AgriHub, World Agricultural Frontier Innovation (WAFI) e a World Resources Institute (WRI) e o Governo de Mato Grosso, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sedec), contou com cerca de 30 empresários e altos gestores chineses do setor do agronegócio e inovação tecnológica, além de empresas brasileiras.
Durante o evento, foi assinado um memorando de entendimento para promoção conjunta de inovação, desenvolvimento de capacidades e empreendedorismo no setor agrícola. O acordo prevê ações como programas de intercâmbio e experiências de imersão entre Brasil e China. A missão chinesa em Cuiabá integra uma agenda mais ampla iniciada em Londrina (PR), Brasília (DF) e São Paulo (SP), e encerra neste domingo (29.6) com visita técnica a uma fazenda em Campo Verde (MT), onde os visitantes conhecerão de perto práticas de produção de sementes, insumos biológicos, algodão certificado e pecuária intensiva.
A empresária chinesa Guo Fangjie, gerente-geral da Henan Tailijie Biotech, apontou que as certificações ambientais são uma exigência do mercado internacional e oportunidades de negócios. A empresa comandada por ela se dedica à pesquisa, desenvolvimento, produção e comercialização de fibras alimentares solúveis utilizados como alimentos e ingredientes funcionais em diversos setores, como bebidas, laticínios, produtos de cacau, chocolates, doces, assados, bebidas congeladas e produtos para a saúde.
Dentre os clientes da Henan Tailijie Biotech está a Coca-Cola e a Nestlé. No caso desta última, a multinacional paga até US$ 50 a mais por tonelada de insumo certificado.
“Nos últimos anos, os clientes passaram a exigir certificações mais rigorosas, desde as sementes até o produto final. Isso cria uma rede que beneficia toda a cadeia e contribui com o planeta”, disse. Guo enfatizou ainda o avanço do Brasil na última década, especialmente na aproximação com padrões de qualidade globais e na inovação em produtos de menor teor de açúcar e calorias.
O secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, César Miranda, reforçou a importância dessa parceria e das certificações que os chineses exigem, como as de sustentabilidade na pecuária. Ele citou o exemplo do chamado “boi China”, política que elevou a qualidade da carne mato-grossense ao atender exigências do mercado chinês por abate precoce e maior rastreabilidade.
“A China paga mais, mas exige o boi mais jovem. Com isso, o pecuarista pôde investir em genética e nutrição, reduzindo o ciclo do animal de quatro para dois anos e meio, com mais carne e qualidade. Isso liberou cerca de 10 a 11 milhões de hectares para a agricultura, sem derrubar uma árvore”, explicou.
Miranda destacou que o Governo do Estado apoia iniciativas que conciliem sustentabilidade econômica e ambiental, como o Plano ABC+ e os trabalhos do Instituto Mato-grossense da Carne.
“Não existe sustentabilidade sem viabilidade financeira. Só com recompensa financeira criamos condições para investir em tecnologia e pesquisa”, completou.
Oportunidades de negócios
O Fórum China-Brasil WAFI 2025 reforçou a visão de que o futuro da agricultura passa pela integração entre inovação tecnológica, responsabilidade socioambiental e bons negócios. Com o fortalecimento das parcerias, Mato Grosso se consolida como um dos principais polos mundiais de produção sustentável, com oportunidades concretas para gerar mais valor e empregos sem abrir mão da preservação ambiental.
Segundo o professor Fu Wenge, fundador da WAFI e diretor da Universidade Agrícola da China, a cooperação se tornou essencial para um modelo de desenvolvimento sustentável. O professor destacou o enorme potencial de Mato Grosso para atrair investimentos chineses na cadeia da carne e do frango.
“O que for abatido pode ser processado localmente, transformado em proteína animal, produto com alta margem de lucro na China. O segundo plano deve ser justamente transformar o abate e a pecuária em cadeia de valor, aproveitando a produção local”, disse.
Ele também defendeu um planejamento claro para ZPE em Cáceres e o Parque Tecnológico, que a comitiva conheceu na tarde de sexta-feira (27.6), e a sugestão de integração entre os setores e serviços vindos da China.
“Esse parque poderia gerar arrecadação fiscal, servir como centro de liquidação financeira e permitir uma verdadeira inovação industrial”, observou, apontando que as empresas chinesas estão dispostas a investir onde houver rentabilidade e boas condições.
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